Em cada dedo, um tipo de anel e um significado. Desvende
cada um deles.
Volta e meia à atriz Danielle Winits é vista por aí com um
solitário na mão. O anel é tradicionalmente dado como presente de noivado e
usado no anular da mão direita. A atriz, no entanto, subverte a tradição e,
além de usar a joia independente de estar ou não num relacionamento, também
costuma colocá-la em dedos diferentes, ao sabor do momento. Pode fazer isso?
Hoje em dia, pode tudo. “Não tem mais regras rígidas de como
usar anéis. A regra é não ter regras. A moda deu liberdade para as pessoas
usarem as joias como elas quiserem. Até anel solitário pendurado no pescoço eu
já vi”, diz Christian Hallot, embaixador da H. Stern, no Brasil.
No entanto, ainda que usados casualmente, apenas como
adereços, os anéis carregam histórias e significados.
Por ter formato de elo, o anel é tradicionalmente um símbolo
de união. “No cristianismo, o anel simboliza a união fiel, livremente aceita”,
atesta o Dicionário de Símbolos, de Jean Chevalier e Alain Gheebrant. Além de
união, anéis também são símbolos de compromisso. Quem usa demonstra sua ligação
profunda e, a rigor, indestrutível, com uma pessoa ou valor. Esse é o caso das
alianças de compromisso e de casamento ou dos anéis com significado religioso.
Veja os tipos de anéis mais tradicionais, o que eles
significam e como são utilizados hoje:
Anéis Solitários Stern Princess
Solitário:
É um dos poucos anéis cuja origem é específica e datada. O
primeiro solitário foi um presente do Arquiduque Maxiliano, da Aústria, para
Mary Burgundy, em 1477. Tradicionalmente, um solitário é um anel de ouro ou
platina com um brilhante (um brilhante é um diamante único com lapidação
redonda). Era sempre usado no anular da mão esquerda, porque se acreditava que
era por ali que passava a “vena moris”, uma veia que ia dali direto para
coração.
E por que um diamante? “Que outra pedra simbolizaria melhor
o desejo de que aquele relacionamento seja ‘para sempre’ senão o diamante, que
não é perecível e é extraordinariamente resistente”, diz Maria Tereza Géo
Rodrigues, da joalheria Talento Joias.
Para ela, os diamantes são mesmo eternos. “Alguns gregos
acreditavam que eles eram estilhaços de estrelas que chegaram a Terra, outros
apostavam que eram lágrimas dos deuses do Olimpo”, conta.
A tradição do solitário virou ‘febre’ no século 19, nos
Estados Unidos, conforme explica Christian Hullot. “A descoberta de minas de
diamante na África do Sul, tornou a joia mais acessível e ajudou a criar um
mercado de compra de brilhantes. Funcionou perfeitamente porque nesse país
existe o hábito cultural de pedir à noiva em casamento”, diz o embaixador da H.
Stern.
O solitário até hoje é um presente de noivado, que simboliza
comprometimento. Ele é a jóia que está dentro das caixinhas forradas de veludo
que aparecem nas cenas românticas de pedido de casamento dos filmes que
costumamos assistir. Mas pode e deve continuar sendo usado pela mulher depois
de casada, junto com a aliança.
Alianças
As alianças também são a expressão concreta do compromisso
assumido por um casal. Geralmente em platina ou ouro branco, durante o noivado
são usadas na mão direita, e, a partir do casamento, passam a ser usadas no
anelar da mão esquerda.
“O anel de noivado ainda é bastante requisitado, mas o uso
das alianças na mão direita é cada vez mais presente e percebe-se a tendência
de personalizá-las com detalhes do gosto comum do casal.”, avalia Tereza.
Anel de formatura
O formato tradicional está em desuso: já quase não se vê nos
dedos de doutores o anel quadrado, com a pedra e a estampa de cada profissão.
“É uma tradição do início do século 20”, explica Christian.
A partir da metade do século 19, a burguesia passou a frequentar
as então recentes universidades modernas e os anéis começaram a ser utilizados
como uma forma de distinguir quem tinha acesso ao estudo. “Era uma forma de
reconhecimento imediato: anel de pedra vermelha é de advogado; o azul, de
engenheiro; verde, de médico. O costume era útil para identificar a profissão
da pessoa sem ter que perguntar o que seria considerado indelicado na época”,
explica o embaixador da H. Stern.
Com o acesso mais amplo ao ensino superior, de 1950 para cá,
a joia começou a cair em desuso. “Onde o estudo não é totalmente acessível, no
entanto, a tradição ainda existe e o anel é símbolo de distinção”, afirma
Christian.
Nos últimos 30 anos, a tendência é que os anéis de formatura
sejam substituídos por outras peças de valor, como um bom relógio, de marca
tradicional. Ou por anéis mais delicados, com uma gravação que remeta à
formatura ou à pedra tradicional da profissão, mas sem desenhos formais e
brasões, para que a joia fique mais moderna e menos ‘datada’.
Maria Tereza conta que no auge de sua popularidade, o anel
de formatura funcionava até mesmo para identificar e diferenciar determinados
grupos de alunos ou determinadas escolas. Os alunos de West Point, academia
militar tradicional dos Estados Unidos, por exemplo, criaram seu próprio anel
de identificação, em 1835. “Os formandos queriam marcar não só a passagem deles
pela escola, mas também identificar de qual turma faziam parte, como uma
demonstração de amizade e de superação de obstáculos em comum”, diz a designer
de joias.
Anel de debutante
Segundo Maria Tereza, a joia mais tradicional para a data é
o anel de diamante, dado pelo pai ou padrinho, que deve colocá-lo no dedo médio
da mão direita da jovem. Outra opção clássica é o “chuveirinho”, anel com 15
pequenas pedras preciosas, uma para cada ano da vida da menina. Há alguns anos,
a joia dos 15 anos era a primeira que uma garota ganhava. Hoje, tanto um quanto
outro está em desuso. “As meninas estão comprando as próprias joias, muito
antes dos 15 anos”, diz Christian.
Ele explica que o anel de 15 anos passava de mãe para filha,
como jóia de família. “Mas hoje as mães de 30 a 45 anos não são mais
consideradas velhas. Elas querem compartilhar as mesmas jóias das filhas”,
acredita. Não há mais jóia específica para a data, associada a meninas. Os
substitutos mais comuns são brincos e pendentes.
Anel de sinete
Uma tradição antiga que parece ganhar cada vez mais fôlego
são os anéis de sinete, usados no dedo mindinho. “Os anéis de dedinho vieram do
século 13, 14. Têm as armas da família gravadas em baixo relevo, na pedra ou no
metal”, diz Christian. Antigamente, os anéis de sinete eram jóias utilitárias,
que serviam para marcar a assinatura da família, sobre cera quente, em
documentos.
“Esse anel se tornou uma marca de reconhecimento das
famílias nobres, aristocráticas. Ainda se usa na Europa, porque há muitos
descendentes de famílias reais e entre pessoas que têm culto à heráldica da sua
família”, diz o embaixador da H. Stern. “Entre descendentes de europeus, todo
mundo acaba num conde, num duque, num príncipe. Quem usa o anel de mindinho
geralmente tem descendência próxima de famílias nobres”. Como o Brasil teve uma
monarquia por um longo período, também aqui a procura por esse tipo de anel,
que tem um significado pessoal e familiar muito forte, é bastante grande.
Mesmo sem brasão e sem ascendência nobre, os
anéis de mindinho são considerados joias com algum vínculo familiar.
Fonte: Chic Fashion